CORNWELL, Bernard. Azincourt.
Rio de Janeiro: Record, 2008. 448p.
Por Juliana R. Santos
Esse livro não é fantasia, mas é
um romance histórico bastante interessante e acho que vale a pena comentar, já
que é excelente. A narrativa começa de
uma forma um tanto lenta, tornando-se agitada durante as lutas e novamente
lenta nos intervalos entre elas. Mas não entendam lento como pouco agradável,
as partes lentas são importantes para o entendimento da história, para a
formação dos personagens e do cenário. Além disso, a pouca ação destes trechos é mais que
compensada pela ação das batalhas.
Este livro narra a história da
famosa batalha de Azincourt, quando o exército de Henrique V da Inglaterra
enfrenta o exército frânces e, mesmo estando em clara desvantagem numérica em
relação aos último, (alguns historiadores chegam a estimar quase 20 franceses
para um inglês) tem uma vitória esmagadora, chegando a fazer milhares de
prisioneiros. Há, também, outras batalhas descritas na trama, como o longo cerco
à Harfleur e a sangrenta invasão de Soissons.
A narrativa é contada sob o ponto
de vista do arqueiro inglês Nick Hook, que se torna fora da lei após matar um
inimigo em sua cidade e que esteve presente em todas as batalhas supracitadas,
tendo se tornado devoto de São Crispim e São Crispiano após ter visto o
massacre de Soissons sem ter podido fazer nada para ajudar ninguém, exceto a
jovem Melisande. Vale lembrar que a batalha de Azincourt ocorreu no dia desses
santos, levando o personagem a crer que a vitória inglesa sob os franceses foi
uma vingança pela invasão da cidade, da qual os santos são padroeiros. Ao final da batalha, os ingleses conseguem
reunir um número de prisioneiros – nesta época era comum fazer nobres
prisioneiros para cobrar ricos resgates pela sua libertação – que superaria
seus próprios números. A vitória tanto desta quanto de outras lutas da mesma
época, é frequentemente atribuída aos arqueiros, comumente elogiados na obra do
autor.
Além das aventuras de Nick e das
descrições das batalhas, a obra conta com boas versões dos discursos de
Henrique V, famosos pelo livro de Shakespeare com o mesmo nome do monarca (Henrique V). Há, também, referência a personagens de outros livros do
mesmo autor, como o arqueiro Thomas de Hookton, protagonista da
série Busca do Graal (uma excelente
trilogia para quem gosta de romances históricos medievais).
Como a maioria dos livros de
Cornwell, Azincourt tem uma narrativa
bastante realista, não poupando o leitor de descrições das atrocidades
cometidas durante as guerras deste período. Portanto, se você tem nervos fracos
e costuma se emocionar ou se enojar facilmente, talvez seja melhor não ler nem
este, nem outros livros do autor. Mas se você, como eu, adora descrições de
guerras, e aprender um pouco de história de forma mais leve e agradável (e de
maneira um tanto superficial também), a leitura desta obra é fortemente recomendada,
quase obrigatória. Uma sugestão é ler simultaneamente, ou logo em seguida, o livro de Shakespeare Henrique V, mencionado acima, assim você pode comparar as duas versões e as
duas formas de narrar a mesma história, o que eu considero um exercício bem
interessante.
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