segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

[Resenha] Anjos da Morte

 SPOHR, Eduardo. Filhos do Éden: anjos da morte. Rio de Janeiro: Verus, 2013. 585p. (Filhos do Éden, v.2)

RESENHA
por Juliana R. Santos

Capa - Editora Verus
Acho que esta resenha vai ser uma das mais difíceis que já fiz. Realmente fiquei um pouco na dúvida quanto ao que pensar. O livro é bastante bom, muito bem escrito. Percebe-se que a escrita foi feita de modo cuidadoso, não dispensando um bom tempo de pesquisa para sua elaboração. Para quem não leu outros livros do autor, a história tem anjos como personagens principais e é ambientada em um universo místico e muitíssimo complexo que envolve a Terra (ou Haled), os diversos níveis do céu e do inferno, com suas várias castas de anjos e demônios, além de planos astrais e etéreos onde habitam desde fantasmas até deuses mitológicos. O universo criado pelo autor é bastante interessante, porém, é necessário ter bastante atenção ao ler para compreender todos os fatores que o compõem. Durante toda a leitura tive a impressão de que deixei passar alguma coisa, que havia algo que não havia entendido completamente, o que me fazia voltar constantemente. 


    Apesar de o livro ser a continuação de Filhos do Éden: herdeiros de Atlântida, a maior parte da narrativa se passa em um tempo anterior ao primeiro volume. Isso porque acompanhamos a história do anjo da morte Denyel em suas aventuras em guerras e missões antes do encontro com Levith e seu grupo. Porém, nem toda a ação acontece no passado, já que existem capítulos alternados onde acompanhamos Kaira (personagem que é apresentada no primeiro livro) e seu novo coro (coro é como são chamados os grupo de anjos no livro) em uma nova missão, desta vez, de resgate. 

  A maior parte da ação do livro acontece no século XX, mostrando trechos de eventos mundiais importantes como A Segunda Guerra Mundial; a guerra do Vietnã, no contexto da Guerra Fria; e os confrontos no Líbano e na África. Confesso que, sabendo que o livro abordaria eventos do século XX, fiquei um tanto desanimada, pois nunca gostei muito de história contemporânea e ler sobre as guerras deste século nunca me animou tanto quanto ler sobre as batalhas da Idade Média, por exemplo. No entanto, tive uma surpresa ao constatar que a ação do livro, mesmo passada neste tempo de que desgosto, era bem intensa, interessante e agradável de ler, tanto nas aventuras do anjo da morte quanto nas de Kaira. 

  Um ponto negativo da história é o personagem principal, eu não consegui de maneira nenhuma gostar do anjo Denyel. Sei que talvez várias das atitudes dele se derivem dos seus instintos como anjo da casta dos querubins, mesmo assim acho que, em alguns momentos, suas atitudes poderiam ter sido diferentes. O personagem é, na minha opinião, extremamente arrogante, ao mesmo tempo que é um tanto covarde e fraco (não fisicamente fraco, é claro), preferindo se afogar em bebidas, enquanto se lamenta pelos seus atos, em vez de tentar tomar as rédeas da situação e evitar cometer os atos que tanto lhe desagradam. Mas isso também é perdoável, visto que o personagem, conformado desse jeito (quase uma marionete), permitiu que a história tomasse o rumo desejado pelo autor. Sophia é outra das personagens que me desagradou bastante, embora eu não saiba justificar o que motivou meu desagrado. 

  O livro é bastante bom. Recomendo para quem gosta de aventuras ambientadas em mundos fantásticos. A narrativa é um prato cheio para os que gostam de ação, de história e das mais diversas mitologias, principalmente a cristã. Apesar de alguns personagens não tão interessantes, a leitura é bastante agradável, prendendo o leitor e tornando difícil abandonar a leitura. Sugiro que os que ficaram interessados procurem ler primeiro A Batalha do Apocalipse (onde o protagonista é bem mais carismático) e Filhos do Éden: herdeiros de Atlântida, pois a leitura destes dará uma visão mais clara do universo onde a história se passa, tornando mais fácil o entendimento de certos elementos da trama. 

6 comentários:

  1. Adorei sua resenha, Ju, me pareceu muito sincera! Eu li "A Batalha do Apocalipse" e "Filhos do Éden: Herdeiros de Atlântida", então "Filhos do Éden: Anjos da Morte" é leitura obrigatória. Mas lerei mais pelo aspecto cultural mesmo, das guerras e tal, porque quanto à história em si (personagens, enredo, blablá), eu prefiro mil vezes "A Batalha do Apocalipse" :D

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    1. Fico feliz que tenha gostado da resenha =)! "A Batalha do Apocalipse" é mesmo incomparável, tanto em questão de enredo, quanto na questão cultural, até porque aborda um período de tempo bem maior. Nenhum dos dois livros da série "Filhos do Éden" conseguiu ser tão bom quanto o primeiro. Ainda assim, é uma leitura é bem divertida, e vale a pena ler, ainda mais que você já leu o primeiro volume.

      Grande abraço!

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  2. Confesso que faz muito tempo que comecei A Batalha do Apocalipse, mas no final acabei não terminando e nunca mais cheguei a me animar para ler. Realmente o que achei de interessante nos livros posteriores, como a Tici Faria falou, foram os aspectos históricos. Vamos ver se dou mais uma chance aos livros do Eduardo Spohr...

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    1. Poxa, eu achei "A Batalha do Apocalipse" tão bom! E eu achei que tem também esse aspecto cultural como os da série "Filhos do Éden", até mais, porque o tempo abrangido pela narrativa é mais amplo, indo desde muito tempo antes de Cristo, até os dias atuais, passando por diversas culturas também. Dá uma chance para os livros sim =), se é da parte histórica que você gosta, todos eles tem isso a oferecer! Eu confesso que também gosto do universo criado pelo autor, as castas, os planos. Achei perfeito para uma aventura de RPG ou algo do tipo XD!

      Beijos!

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  3. Tenho o livro "A Batalha do Apocalipse", recebi q pouco tempo, e acho que vai demorar para eu ler, pois recebi outros livros que eu quero muito ler o mais rápido possível.
    Mais esse livro é uma continuação do livro ABP não é?
    Fiquei receosa por conta disso, e ter spoiler sobre ABP então não li :/

    Beijos!

    Uma Vida Chamada Livros

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    1. Fica tranquila, Lili, não é continuação de 'A Batalha do Apocalipse", é uma outra história, ambientada no mesmo mundo. Alguns personagens acabam aparecendo nas duas obras, mas isso acontece pouco e não de forma significativa. Uma história não afeta a outra, então não tem spoiler nesta resenha. Mas se você tem a intenção de ler os "Filhos do Éden: herdeiros de Atlântida", o primeiro volume desta série, ai talvez tenha um ou outro spoilzinho, eu tentei evitar fazer isso, e espero ter conseguido, mas nunca se sabe. Mesmo que demore, não deixe de ler "A Batalha do Apocalipse", o livro é ótimo e, na minha opinião, é o melhor entre os três que o autor já escreveu até agora.

      Beijos!

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