segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

[Resenha] A Última dama do fogo

PASCHOALIN, Marcelo. A Última dama do fogo. Santo André: Letra Impressa, 2012. 544p.

RESENHA
por Juliana R. Santos

Capa - Editora Letra Impressa
  Bem, o que posso dizer sobre este livro? Pessoalmente, eu não achei tão bom assim. É uma leitura agradável e as cenas de ação são bem envolventes, mas ainda assim está abaixo do que eu esperava encontrar, talvez porque eu tivesse expectativas altas demais. Eu geralmente não gosto de magos como protagonistas, acho que lutas envolvendo magos são geralmente chatas e sem graça, mas neste caso, a julgar pela espada usada pela jovem na capa, imaginei poder encontrar algo diferente. Digamos que eu acertei parcialmente, as lutas são bastante interessantes, mas todas as cenas envolvendo o aprendizado da magia e as relações entre os magos da ordem são terrivelmente chatas. 

   O livro se passa em um mundo fictício criado pelo autor, constituído de dois continentes, algumas cidades,  florestas, enfim, um mundo bastante simples para dizer a verdade, o que não é um ponto negativo, já que torna fácil acompanhar as andanças dos personagens. A narrativa gira em torno de Deora, uma jovem náufraga e sem memórias de seu passado, que é encontrada por um pescador e acolhida por ele e sua esposa. Apesar de não lembrar quem é ou como foi parar naquele lugar, a jovem tem estranhos sonhos, onde uma voz conversa com ela e a instrui. 

   Um dos fatos que mais me chamou a atenção negativamente, é a passividade da jovem, que aceita que definam seu destino antes que ela possa compreender bem o que se passa a sua volta. Como eu geralmente gosto de personagens mais ativos, esse fato me decepcionou bastante, juntamente com a ordem dos magos como um todo, com seus segredos e hierarquias. Não vi razão para certos conhecimentos sobre a ordem serem escondidos dos personagens, fato que não trouxe nenhum benefícios a estes durante a narrativa, muito pelo contrário. Além disso, que pessoa aceita passivamente ser excluído de algum conhecimento, sem demonstrar nenhuma curiosidade, esperando pacientemente até que chegue a hora que outros julguem apropriada para deixa-la saber? A nossa protagonista, aparentemente, consegue, o que eu julguei um tanto inverossímil. É apenas no último terço do livro, que Deora deixa a passividade e a obediência cega de lado para tomar suas próprias decisões.

   A trama conta ainda com outro personagens, sendo grande parte deles, pertencentes a Ordem Vermelha, uma ordem que estuda a magia, principalmente relacionada ao fogo, desde que toda a magia foi aparentemente extinta do mundo com a morte de uma das deusas. Entre os personagens de maior destaque, além da própria protagonista, temos Mirhaanna, Ivoreen e o vilão Fermmoylle. Com relação a estes dois últimos personagens, o livro peca por não deixar claro suas motivações, vemos ações extremas serem tomadas sem, em nenhum momento, sabermos exatamente o porquê. 

  Agora que já mencionei o que julgo serem os principais pontos negativos, vamos aos pontos positivos. A história conta com algumas cenas de combate emocionantes, algumas até mesmo chegam a deixar os leitores sem fôlego. Há trechos em que é praticamente impossível parar de ler, ele te faz querer continuar ali para saber o que vai acontecer a seguir. Além disso, nas cenas longe da Ordem, a narrativa segue em um ritmo bastante agradável para o leitor. 

  Perto do final da narrativa, vemos o que eu interpretei como bela mensagem de fé, a ser aplicada inclusive em nosso mundo. Cada leitor poderia aplicar o que é dito no livro às suas próprias crenças religiosas, se tiverem alguma. Apesar da  mensagem de fé, o final não me agradou (não direi mais que isso, para não estragar a leitura de ninguém). Se eu recomendaria o livro? Sim, recomendaria com ressalvas.

PS: O livro já pode ser encontrado em livrarias grande como a Saraiva, ou no site da editora (com um preço mais acessível para e-books): http://letraimpressa.com.br/

2 comentários:

  1. Adorei a resenha, me parece ser um livro nacional, certo?
    Bom, tinha problemas com livros nacionais, mas venho vivenciando grandes mudanças no quadro, tenho por min que um dia chegaremos a ter autores tão ou mais conhecidos que John Green, Harlan Cobe, Sidney Sheldon, entre diversos outros.
    Mas quanto ao livro, acho que sou como você, não sou apreciador de personagens acomodados que deixam as coisas como estão, eles tem que demonstrar emoções, curiosidade, ir atrás dos fatos, mas de qualquer forma parece uma boa leitura para tardes quentes de verão...
    Beijos e boas leituras!
    leituraadentro.blogspot.com

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    1. O livro é nacional sim. De fato, a literatura nacional tem se expandido, principalmente no gênero fantástico (meu favorito), até agora tenho gostado do que tenho lido, apesar de uma ou outra crítica, já resenhei alguns aqui, se quiser dar uma olhada, essa é uma delas:
      http://fantasticosmundosdepapel.blogspot.com.br/2013/12/contos-de-meigan-furia-dos-cartagos.html
      Seria ótimo que um dia tenhamos autores tão conhecidos e consagrados quanto alguns dos gênios estrangeiros, acho que pode ser uma possibilidade real no futuro, quem sabe?
      Quanto ao livro, é sim uma leitura agradável e interessante, dá para se divertir, mas tem vários pontos que, melhorados, tornariam a história muitíssimo mais interessante.
      Boas leituras para você também! Grande abraço!

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