quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

[Resenha] O Rebelde

WHYTE, Jack. O Rebelde. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2012. 400p. (Corações valentes, v.1)

RESENHA
por Juliana R. Santos

  Trata-se de um romance histórico narrando a história de William Wallace, herói escocês que atualmente é conhecido pelo filme Coração Valente (1995), de Mel Gibson. A trama se passa no final do século XIII, no contexto das disputas entre a Inglaterra de Eduardo Plantageneta e a Escócia, e a invasão desta pela primeira. Porém, ao contrário do que se poderia esperar, a história não é centrada nas batalhas ocorridas, focando-se mais na vida do herói desde a sua infância.

   O narrador da história é o padre James Wallace, primo e amigo de William. O fato de a narrativa ser narrada por um padre é um pouco ruim, pois muitas vezes o narrador não está presente quando a ação acontece (em alguns casos estava), então o leitor fica sabendo os fatos ocorridos no país através de conversas entre personagens. Acredito que se a história fosse narrada por um dos companheiros mais próximos de William, talvez por um guerreiro ou um arqueiro como ele, a história teria sido um pouco melhor. Por outro lado, o fato de o narrador ser um padre, um estudioso, com uma visão mais clara do mundo que o rodeia, traz ao livro uma série de reflexões bastante interessantes sobre a sociedade e as mudanças que vinham ocorrendo na época, como a ascensão da burguesia, que começava a ganhar cada vez mais importância no cenário da época, o que mais tarde iria contribuir para o fim do modelo feudal. 

  Após a morte do rei Alexandre III, a Escócia se vê a beira de uma guerra civil. Para evitar que isso ocorra, é solicitado a intervenção do rei Eduardo da Inglaterra para ponderar a situação e julgar qual das reivindicações ao trono é mais justa. Devido a esse apoio, oficiais, soldados e diplomatas ingleses passam a circular por quase toda a Escócia, acompanhados por um onda de reclamações contra a injustiças que seriam cometidas por estes contra os escoceses. É nesse contexto, que, o então jovem, William começa sua luta contra os ingleses a favor do povo escocês. Além de Wallace, o livro também menciona outras figuras históricas importantes, como John Balliol, Robert Bruce e Andrew Murray, porém estes têm pouca participação efetiva na narrativa, apesar de serem bastante citados entre as conversas dos personagens. 

  É um livro bastante interessante, com uma leitura fácil e agradável. Porém, aqueles que esperam narrativas de guerras e grandes batalhas irão se desapontar, o livro conta com algumas cenas de pequenos combates e, principalmente, emboscadas, mas as guerras propriamente ditas são contadas pelos personagens sem que o narrador participe delas. Recomendo a leitura, principalmente para aqueles que gostariam entender, mesmo que superficialmente, a história medieval e, mais específicamente, a história da Escócia, já que o livro apresenta uma boa visão das mudanças que ocorriam dentro e fora do país durante o período. Espero ansiosamente pelo lançamento dos demais volumes da trilogia. 

   

2 comentários:

  1. Eu gostei muito do livro, mas acabei indo com muita sede ao copo achando que iria presenciar um livro transbordando de batalhas épicas. Por ser a visão do James ficamos mais focado nas partes políticas e históricas, não sei se você teve essa sensação, mas quando William Wallace entrava em ação e fazia aqueles belos discursos eu praticamente saltitava durante a leitura, desejando que ele nunca mais saísse de cena rsrs...

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    1. É, também me decepcionei um pouco pelo livro ser narrado pela visão do James, então teve menos batalhas do que eu esperava. Com certeza achei que as cenas em que o William Wallace aparecia, em seus discursos e emboscadas, eram as melhores, com muito mais ação e intensidade. Acho que se o livro fosse narrado por um dos amigos guerreiros do Will o livro isso ser muito melhor aproveitado, já que as partes com ação iam ser mais frequentes. Não que as cenas mais reflexivas e políticas que o James presenciava sejam completamente chatas, é até interessante algumas reflexões que eles tem, mas eu também esperava mais combates. Entendo perfeitamente como você se sente ao dizer que saltitava durante a leitura, eu senti o mesmo, rs! Acho que para esse tipo de sensação quase durante o livro todo só lendo Bernard Cornwell mesmo, ou talvez Conn Iggulden.

      Abraços!

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