FUNKE, Cornelia. Coração de tinta. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. 456p. (Mundo de tinta, v.1)
RESENHA
por Juliana R. Santos
Capa - Editora Companhia das Letras. Edição 2006 |
O livro narra a história de
Meggie, uma jovem e ávida leitora em seus 12 anos, e seu pai Mortimer – ou Mo,
para os mais próximos – encadernador de livros. Mo tem o estranho dom de trazer
a vida personagens de livros ao lê-los em voz alta, até então, parece uma
habilidade extraordinária e invejável... e era, até que em uma de suas
leituras, quando Meggie ainda era pouco mais que um bebê, algo, além dos belos
animaizinhos e objetos, saiu do livro: Capricórnio, o terrível líder dos
salteadores; Basta, seu fiel companheiro; e um amedrontado Dedo Empoeirado,
saltimbanco, e, apesar de algumas de suas atitudes consideradas pouco honradas,
um dos personagens mais cativantes de toda a trilogia, na minha opinião. Tirando
o fato de nunca conseguir que seu pai lhe contasse uma história dos seus tão
maravilhosos e amados livros, e as constantes mudanças de endereço, a vida de
Meggie e Mo ia razoavelmente bem. Mas o que Meggie não sabia, era que o vilão
Capricórnio, saído do livro, estava atrás dos dons possuídos por seu pai para trazer,
para o mundo real, seres do mundo dentro do livro, para o qual ele não tinha a
menor intenção de voltar.
Capa Filme - Editora Companhia das Letras. Edição 2008. |
Os personagens são outro ponto
forte da história, apesar de ser considerada literatura infanto-juvenil, onde,
geralmente, tanto a história quanto seus personagens são bem pouco profundos,
isso não ocorre com este livro. A autora consegue nos passar, de forma bem
profunda, os desejos, medos e sentimentos dos seus personagens. O vilão
Capricórnio é um dos vilões que eu considero mais temíveis entre os livros que
li e, se você costuma internalizar as sensações dos protagonistas das suas
histórias, vai sentir o mesmo.
Outro fator bem interessante da
obra é a relação travada, o tempo todo, entre os livros, seus personagens,
leitores e autores. Uma coisa é ler o livro, e fechá-lo quando as ações e
emoções deste se tornam intensas demais para serem suportadas no momento, mas
quando a história vem à realidade, todas essas emoções e ações se tornam reais,
e não há a opção de fechar o livro. O único contra, em minha opinião, é a facilidade
com que o autor Fenoglio altera fatos e elementos de sua narrativa, elementos
que são trazidos à vida pelo dom, possuído por Mo, de tornar escritos, realidade.
Com habilidades combinadas deste jeito, fica quase fácil demais solucionar qualquer
problema.
Um ótimo livro, mas, ainda assim,
o mais fraco da trilogia, continuada por Sangue
de Tinta e Morte de Tinta, ainda
melhores que o primeiro, ambos já lançados e a venda no Brasil. Coração de Tinta é o único dos três
livros da série que pode ser lido independentemente, já que sua história se
inicia e se encerra nele mesmo, continuar com os outros dois é opcional e muito
recomendado por esta, humilde e inexperiente, resenhista.
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