quarta-feira, 27 de novembro de 2013

[Resenha] Coração de Tinta

FUNKE, Cornelia. Coração de tinta. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. 456p. (Mundo de tinta, v.1)

RESENHA
por Juliana R. Santos

Capa - Editora Companhia das Letras.
Edição 2006
   Um livro excelente. Sem dúvida, está entre os melhores que já li. Foi transformado em filme em 2008 pelo diretor Iain Softlev. Para variar, o filme não foi tão bom quanto o livro, mas a  culpa disso é toda da produção (ou direção, ou sei lá) porque a história é ótima.
 Apaixonados por leitura com certeza vão se identificar.


   O livro narra a história de Meggie, uma jovem e ávida leitora em seus 12 anos, e seu pai Mortimer – ou Mo, para os mais próximos – encadernador de livros. Mo tem o estranho dom de trazer a vida personagens de livros ao lê-los em voz alta, até então, parece uma habilidade extraordinária e invejável... e era, até que em uma de suas leituras, quando Meggie ainda era pouco mais que um bebê, algo, além dos belos animaizinhos e objetos, saiu do livro: Capricórnio, o terrível líder dos salteadores; Basta, seu fiel companheiro; e um amedrontado Dedo Empoeirado, saltimbanco, e, apesar de algumas de suas atitudes consideradas pouco honradas, um dos personagens mais cativantes de toda a trilogia, na minha opinião. Tirando o fato de nunca conseguir que seu pai lhe contasse uma história dos seus tão maravilhosos e amados livros, e as constantes mudanças de endereço, a vida de Meggie e Mo ia razoavelmente bem. Mas o que Meggie não sabia, era que o vilão Capricórnio, saído do livro, estava atrás dos dons possuídos por seu pai para trazer, para o mundo real, seres do mundo dentro do livro, para o qual ele não tinha a menor intenção de voltar. 

Capa Filme - Editora Companhia das Letras.
Edição 2008.
Como já disse anteriormente, o livro é excelente. Uma das primeiras coisas que chama a atenção positivamente, são os trechos de outros livros, alguns bem conhecidos no Brasil, como Peter Pan, Harry Potter, Ilha do Tesouro e outros nem tanto, mas que tornam a experiência da leitura bem mais agradável, além de despertar o interesse para outras leituras, talvez igualmente interessantes.

Os personagens são outro ponto forte da história, apesar de ser considerada literatura infanto-juvenil, onde, geralmente, tanto a história quanto seus personagens são bem pouco profundos, isso não ocorre com este livro. A autora consegue nos passar, de forma bem profunda, os desejos, medos e sentimentos dos seus personagens. O vilão Capricórnio é um dos vilões que eu considero mais temíveis entre os livros que li e, se você costuma internalizar as sensações dos protagonistas das suas histórias, vai sentir o mesmo.

Outro fator bem interessante da obra é a relação travada, o tempo todo, entre os livros, seus personagens, leitores e autores. Uma coisa é ler o livro, e fechá-lo quando as ações e emoções deste se tornam intensas demais para serem suportadas no momento, mas quando a história vem à realidade, todas essas emoções e ações se tornam reais, e não há a opção de fechar o livro. O único contra, em minha opinião, é a facilidade com que o autor Fenoglio altera fatos e elementos de sua narrativa, elementos que são trazidos à vida pelo dom, possuído por Mo, de tornar escritos, realidade. Com habilidades combinadas deste jeito, fica quase fácil demais solucionar qualquer problema.

   Um ótimo livro, mas, ainda assim, o mais fraco da trilogia, continuada por Sangue de Tinta e Morte de Tinta, ainda melhores que o primeiro, ambos já lançados e a venda no Brasil. Coração de Tinta é o único dos três livros da série que pode ser lido independentemente, já que sua história se inicia e se encerra nele mesmo, continuar com os outros dois é opcional e muito recomendado por esta, humilde e inexperiente, resenhista. 

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